sexta-feira, 5 de junho de 2009

De pé, com gigantes olhos azul claro, uma garota me observa. Não entendo seu olhar, talvez eu pareça com alguma conhecida, talvez ela esteja tentando entender a estampa em minha camiseta ou talvez goste dela, talvez me ache bonita... Cada possibilidade cercada por tantas coisas, uma série de motivos poderia ter levado àquele olhar azul, bonito, marcante.
Outra mulher está de pé. Sua pele é escura, ela olha fixamente pela janela. Parece estar viajando em seus pensamentos... Algo suave, embora ela mastigasse o ar. Um amor, um amante, uma paixão, uma amizade... Estaria pensando em ter um filho? Estaria pensando em casar? Estaria preocupada com dívidas? Bem, ela não parecia preocupada. Como será que foi o 5º aniversário dela? Será que sua avó estava viva? Ou será que até sua mãe já havia morrido... Ela aparentava 40 anos, mas talvez ela tenha tomado muito sol, evidenciando suas rugas, o que não era completamente improvável, afinal sua pele escura denotava um bronzeado, além da cor default da pele. Será que ela era casada? Divorciada? Católica, evangélica? Legal, liberal, chata, conservadora?! Tantos milhares de características milhões de genes, bilhões de moléculas ajuntadas num único ser, formando uma única vida, um rumo, uma personalidade fragmentada?
E nós andamos por aí, esbarrando nessa complexidade como se fosse uma parede qualquer, olhamos e tratamos as pessoas como se fossem apenas objetos e não um poço de características. Todas diferentes, milimetricamente distintas. Mas ninguém liga para isso, muito menos compreendem a própria complexidade, existem sem viver.

Obs: O símbolo no título é a representação matemática de "infinito"
bjsmeliga

Nenhum comentário: