É importante ressaltar que na USP há uma grande ênfase para o aspecto "Cultura e Extensão" do curso, onde tentamos, da melhor maneira possível, passar o conhecimento de maneira interessante e convidar jovens para o maravilhoso mundo da ciência.
Sem mais delongas, aqui vai o texto:
Biotecnologia
e Biodiversidade
Ana
Carolina Mões Corrêa
A biotecnologia foi criada
pelo homem para beneficiar a humanidade. Há várias definições para o que é
biotecnologia, mas todas remetem a um mesmo ponto: aplicação de conhecimentos
biológicos a sistemas biológicos para alterá-los de maneira a cumprir um fim
específico.
Desde sempre o homem vem
buscando uma melhor alternativa para sobreviver, uma dessas é a biotecnologia
que além de ser usada para descoberta e desenvolvimento de medicamentos, vem
sendo desenvolvida junto com a agricultura, há aproximadamente 12mil anos,
quando os homens ficaram presos próximos a corpos de água devido às geleiras.
Junto com a agricultura surgiu a necessidade de melhorar a mesma.
Para o aprimoramento desta
agricultura primitiva houve a seleção de plantas com caracteres mais favoráveis
ao homem. Esta seleção genética primitiva levou a uma domesticação das plantas.
Com o desenvolvimento de
técnicas agrícolas, surgiu uma das mais importantes e que é usada até hoje: a rotação
de culturas, uma técnica muito utilizada na época feudal. A agricultura sempre
foi uma questão de primeira necessidade, abandonar a vida nômade para se
estabilizar em um local e cultivar seu próprio alimento muito provavelmente foi
um dos principais fatores que ajudou o ser humano a chegar ao nível de sucesso
que atingiu hoje.
Como tudo evolui, a
biotecnologia também evoluiu. Hoje pode-se chamar de biotecnologia tudo que
envolve biologia desde a parte genética, imunológica e botânica. Mas como o
foco da matéria é a botânica, o foco desta resenha será o mesmo.
A biotecnologia vegetal é a
utilização de partes dos organismos vegetais ou organismos inteiros para fins
específicos que de maneira geral beneficiam o homem. Este campo está em um
constante desenvolvimento e foi com a descoberta da hidroponia e pesquisas mais
avançadas na fisiologia botânica e genética que foi possível melhorar a seleção
de caracteres e gerar plantas que beneficiam mais intensamente o homem. Como
exemplo do uso e importância dos insumos botânicos podemos citar o ágar
retirado de algas, fibras para indústria têxtil, princípios ativos de
medicamentos e principalmente alimentação.
Apesar de existir
aproximadamente 400 mil espécies botânicas ao redor do mundo, os humanos só
dependem verdadeiramente de aproximadamente 15 espécies para sobreviver. Por
quê então deve-se manter toda essa diversidade quando poderíamos solucionar
problemas como a fome no mundo destruindo florestas e plantando plantas básicas
para alimentação no local?
Apesar de servirem
perfeitamente, estes espécimes cruzados tantas vezes entre si tem pouco vigor e
acabam não tendo a produtividade esperada. Logo manter a variabilidade genética
é vantajoso e sempre é interessante para manter o vigor das plantas, ainda que
tentando manter as características
desejadas para a planta.
Além disso, retirar florestas
para substituí-las por plantações de espécies utilizadas para consumo poderia
gerar um grande desastre natural. Porém supõe-se que estes desastres naturais
poderiam ser aos poucos contornados com
o avanço da tecnologia, provendo mais terras para plantio sem prejudicar o
clima global.
Apesar de ser muito mais
vantajoso em primeira análise focar toda a pesquisa e terra para produção de
insumos básicos, devemos pensar no fato
de que pode haver ainda uma planta com potencial maior para servir a
humanidade que as já atualmente descobertas e que esta planta estaria ainda em
alguma floresta. Há muitas espécies que não foram devidamente estudadas e que
podem acabar extintas sem deixar rastro, afinal 1/5 da flora global está em
risco de extinção e como na citação de Edward O. Wilson, um ecólogo, "A
biodiversidade é uma das maiores riquezas do planeta e, entretanto, é a menos
reconhecida como tal". Ou seja, a natureza ainda guarda muitos segredos
que provavelmente desaparecerão antes de chegarmos perto de descobrir seu
potencial.
Apesar de o lucro que a
biotecnologia provém para o Brasil (aprox. USD 500mi por ano) e para o mundo
(entre USD 480 e 870bi por ano) ser muito alto, devemos considerar que o nosso
mundo não existirá somente por algumas centenas de anos e que é importante
conservar a natureza para garantir a qualidade de vida de indivíduos que ainda
vão nascer. Sem contar que é preciso respeitar os outros indivíduos sejam
animais ou plantas.
De maneira alguma manter a
diversidade é economicamente vantajoso, mas a diversidade é vantajosa quando se
trata de qualidade de vida e planejamento para o futuro. E é para tentar
melhorar esse "déficit" entre manter a diversidade e ser economicamente
viável que muitos institutos de pesquisa tem investido em etnobotânica,
fisiologia botânica, sistemática botânica dentre outros estudos muito
importantes para a documentação da diversidade, melhoramentos genéticos para
aumentar a produtividade e reduzir a área de plantio e procurar melhores
soluções energéticas.
Bibliografia
Barbosa, F. B. C. A
Biotecnologia e a conservação da biodiversidade amazônica: sua inserção na
política ambiental. Cadernos de Ciência e Tecnologia, v. 18, n. 2, p. 69-94,
maio/agosto 2001. Brasília, Brasil
Organização das Nações
Unidas. Atlas Mundial da Biodiversidade
Raven, P. H.; Evert, R. F.; Eichhorn, S. E. Biologia
Vegetal. 7ª edição. Capitulos 10 e 21. Editora Guanabara Koogan,
Rio de Janeiro, RJ, 2007
Federação Européia de
Biotecnologia. Biodiversidade: o impacto da biotecnologia. Outubro/2011
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