quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Biotecnologia e Biodiversidade

Olá, seguidores, tudo bom? Bom estou me candidatando a uma vaga de estagiário no grupo f451 e irei usar o espaço aqui do blog para mostrar alguns textos que estavam escritos aqui no computador. Este é um texto escrito como trabalho para a matéria "As Plantas e a sociedade" que versava sobre a importância econômica dos vegetais. Neste texto eu explico os conceitos de Biotecnologia e Biodiversidade, suas definições, diferenças e aplicações.

É importante ressaltar que na USP há uma grande ênfase para o aspecto "Cultura e Extensão" do curso, onde tentamos, da melhor maneira possível, passar o conhecimento de maneira interessante e convidar jovens para o maravilhoso mundo da ciência.

Sem mais delongas, aqui vai o texto:



Biotecnologia e Biodiversidade
Ana Carolina Mões Corrêa

A biotecnologia foi criada pelo homem para beneficiar a humanidade. Há várias definições para o que é biotecnologia, mas todas remetem a um mesmo ponto: aplicação de conhecimentos biológicos a sistemas biológicos para alterá-los de maneira a cumprir um fim específico.

Desde sempre o homem vem buscando uma melhor alternativa para sobreviver, uma dessas é a biotecnologia que além de ser usada para descoberta e desenvolvimento de medicamentos, vem sendo desenvolvida junto com a agricultura, há aproximadamente 12mil anos, quando os homens ficaram presos próximos a corpos de água devido às geleiras. Junto com a agricultura surgiu a necessidade de melhorar a mesma.
Para o aprimoramento desta agricultura primitiva houve a seleção de plantas com caracteres mais favoráveis ao homem. Esta seleção genética primitiva levou a uma domesticação das plantas.

Com o desenvolvimento de técnicas agrícolas, surgiu uma das mais importantes e que é usada até hoje: a rotação de culturas, uma técnica muito utilizada na época feudal. A agricultura sempre foi uma questão de primeira necessidade, abandonar a vida nômade para se estabilizar em um local e cultivar seu próprio alimento muito provavelmente foi um dos principais fatores que ajudou o ser humano a chegar ao nível de sucesso que atingiu hoje.
Como tudo evolui, a biotecnologia também evoluiu. Hoje pode-se chamar de biotecnologia tudo que envolve biologia desde a parte genética, imunológica e botânica. Mas como o foco da matéria é a botânica, o foco desta resenha será o mesmo.

A biotecnologia vegetal é a utilização de partes dos organismos vegetais ou organismos inteiros para fins específicos que de maneira geral beneficiam o homem. Este campo está em um constante desenvolvimento e foi com a descoberta da hidroponia e pesquisas mais avançadas na fisiologia botânica e genética que foi possível melhorar a seleção de caracteres e gerar plantas que beneficiam mais intensamente o homem. Como exemplo do uso e importância dos insumos botânicos podemos citar o ágar retirado de algas, fibras para indústria têxtil, princípios ativos de medicamentos e principalmente alimentação.

Apesar de existir aproximadamente 400 mil espécies botânicas ao redor do mundo, os humanos só dependem verdadeiramente de aproximadamente 15 espécies para sobreviver. Por quê então deve-se manter toda essa diversidade quando poderíamos solucionar problemas como a fome no mundo destruindo florestas e plantando plantas básicas para alimentação no local?

Apesar de servirem perfeitamente, estes espécimes cruzados tantas vezes entre si tem pouco vigor e acabam não tendo a produtividade esperada. Logo manter a variabilidade genética é vantajoso e sempre é interessante para manter o vigor das plantas, ainda que tentando manter  as características desejadas para a planta.

Além disso, retirar florestas para substituí-las por plantações de espécies utilizadas para consumo poderia gerar um grande desastre natural. Porém supõe-se que estes desastres naturais poderiam ser aos poucos  contornados com o avanço da tecnologia, provendo mais terras para plantio sem prejudicar o clima global.

Apesar de ser muito mais vantajoso em primeira análise focar toda a pesquisa e terra para produção de insumos básicos, devemos pensar no fato  de que pode haver ainda uma planta com potencial maior para servir a humanidade que as já atualmente descobertas e que esta planta estaria ainda em alguma floresta. Há muitas espécies que não foram devidamente estudadas e que podem acabar extintas sem deixar rastro, afinal 1/5 da flora global está em risco de extinção e como na citação de Edward O. Wilson, um ecólogo, "A biodiversidade é uma das maiores riquezas do planeta e, entretanto, é a menos reconhecida como tal". Ou seja, a natureza ainda guarda muitos segredos que provavelmente desaparecerão antes de chegarmos perto de descobrir seu potencial.

Apesar de o lucro que a biotecnologia provém para o Brasil (aprox. USD 500mi por ano) e para o mundo (entre USD 480 e 870bi por ano) ser muito alto, devemos considerar que o nosso mundo não existirá somente por algumas centenas de anos e que é importante conservar a natureza para garantir a qualidade de vida de indivíduos que ainda vão nascer. Sem contar que é preciso respeitar os outros indivíduos sejam animais ou plantas.

De maneira alguma manter a diversidade é economicamente vantajoso, mas a diversidade é vantajosa quando se trata de qualidade de vida e planejamento para o futuro. E é para tentar melhorar esse "déficit" entre manter a diversidade e ser economicamente viável que muitos institutos de pesquisa tem investido em etnobotânica, fisiologia botânica, sistemática botânica dentre outros estudos muito importantes para a documentação da diversidade, melhoramentos genéticos para aumentar a produtividade e reduzir a área de plantio e procurar melhores soluções energéticas.


Bibliografia
Barbosa, F. B. C. A Biotecnologia e a conservação da biodiversidade amazônica: sua inserção na política ambiental. Cadernos de Ciência e Tecnologia, v. 18, n. 2, p. 69-94, maio/agosto 2001. Brasília, Brasil

Organização das Nações Unidas. Atlas Mundial da Biodiversidade

Raven, P. H.; Evert, R. F.; Eichhorn, S. E. Biologia Vegetal. 7ª edição. Capitulos 10 e 21. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, RJ, 2007

Federação Européia de Biotecnologia. Biodiversidade: o impacto da biotecnologia. Outubro/2011

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